Natal, tempo de aprofundar a opção

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Celebrar o Natal é encontrar de novo com Jesus, “rosto humano de Deus e rosto divino do homem”. Este novo encontro abre um horizonte de esperança no coração que já escutou a voz de Cristo e pronunciou um sim generoso de acolhida e adesão ao evangelho.

O encontro com o Recém-nascido, a experiência pessoal e silenciosa que faz o coração diante do presépio, não termina na contemplação de Jesus Cristo. Pelo contrário, Ele é a “porta” que nos abre à compreensão do mistério de Deus e da pessoa humana (Jo 10,7). Quem “vê” o Menino Jesus, “vê” o Pai. O que “vê” um ser humano “vê” o seu irmão e, olhando mais profundamente, verá o próprio Deus. Em outras palavras, recordamos que a pessoa ao contemplar o Menino Jesus faz uma profunda experiência com o Pai e descobre “a encantadora humanidade de Deus”. E o que “vê” o Recém-nascido na manjedoura “vê” a pessoa humana e sua vocação à plenitude.

O encontro com Jesus no presépio nos introduz na dimensão mais profunda de nossa vida e vocação. Desta experiência de fé recebemos uma nova compreensão da pessoa humana, do cosmos, da história, da Igreja e, evidentemente, de nossa própria missão. A partir deste encontro, podemos construir uma nova relação com Deus, renovar nossa opção por Cristo, aprofundar o sentido da missão e até rever o nosso jeito de testemunhá-lo e as estruturas que dão suporte e corpo as nossas atividades evangelizadoras.

Neste contexto natalino de encontro com o Recém-nascido, o mistério que abarca a vida e a vocação de cada um de nós, ganha plena relevância. Aparece diante dos olhos, vários sacramentos, que revelam a presença amorosa de Deus para conosco e produzem uma nova relação com o Autor da vida. São sinais até então despercebidos, que assinalam o encontro com Jesus Cristo e dos quais derivou toda a sacramentaria cristã: são os gestos e as palavras que nos permitem ver e ouvir, sentir e palpar as “presenças escondidas” de Deus em nossa vida e em nosso caminho de discípulos missionários.

A experiência do encontro com o Recém-nascido não pode ser reduzida a um ato de devoção e piedade, mesmo se bonita e respeitável. Nós aspiramos uma nova compreensão da pessoa humana, do mundo e da história, que nos leve a sentir e atuar de um jeito novo e diferente dos critérios neoliberais. Por isso, é tarefa fundamental de cada um de nós, vocacionados pelo Pai, posicionarmos diante do presépio, contemplar o Filho da Virgem Maria e penetrar no mistério da vida, da vocação e missão com a qual fomos agraciados. Neste sentido, a liturgia do natal se transforma em luz que aquece nosso coração chamado para Deus.

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