Com o tempo do Advento iniciamos o ano litúrgico. O advento corresponde às quatro semanas que antecedem e preparam o Natal do Senhor. Trata-se de um período de alegria e expectativa onde a Igreja nos convoca a esperar o nascimento do Salvador.
O advento começou a ser observado no século IV e se divide em dois momentos. As duas primeiras semanas nos convidam a refletir e a preparar a segunda vinda definitiva e gloriosa de Jesus Cristo. Ele é o Senhor da História e único Salvador. As duas semanas seguintes, de 17 a 24 de dezembro, nos preparam para a celebração do Natal, a primeira vinda de Jesus entre nós (Emanuel – cf. Mt 1,23). No advento meditamos a história da salvação, a realidade do Verbo feito carne (cf. Jo 1,14) e o caráter missionário da vinda de Cristo. Com a vinda de Jesus chegamos à plenitude do tempo (cf. Gl 4,4) e o Reino de Deus está próximo (cf. Mc 1,15). O Advento recorda também o Deus da revelação: “Aquele que é, que era e que vem” (Ap 1,4-8), que está sempre realizando a salvação cuja consumação se cumprirá no “dia do Senhor”, no final dos tempos.
Neste primeiro tempo do ano litúrgico a Igreja nos lembra alguns valores essenciais da fé: a esperança vigilante (cf. 1Tm 1,1), a alegria do coração (cf. Lc 2,10-14), a simplicidade e a mudança de vida. O profeta Isaías é um dos personagens deste tempo. Ele anuncia a libertação do povo eleito despertando expectativa nos exilados. Para o povo de Israel Isaías é o profeta da esperança, da criação de uma nova Jerusalém e da vinda do Senhor. João Batista, o último dos profetas e o precursor, aquele que prepara o caminho e anuncia a vinda do Senhor (cf. Lc 7,26-28), prega a urgência da conversão e aponta para o “Cordeiro de Deus” como presença já estabelecida no meio do povo (cf. Jo 1,29). João ocupa um grande espaço na liturgia do terceiro domingo, conhecido como domingo da alegria.
O Advento deve ser celebrado com sobriedade e com discreta alegria. Não se canta o Glória nas celebrações, para que na festa do Natal, nos unamos aos anjos e entoemos este hino como algo novo, dando glória a Deus pela salvação que realiza no meio de nós. Pelo mesmo motivo, as flores e os instrumentos sejam usados com moderação, para que não seja antecipada a plena alegria do Natal de Jesus. Os paramentos litúrgicos são roxos. A única exceção é o terceiro domingo do Advento cuja cor usada é a rósea para revelar a alegria da vinda do Salvador que está bem próxima.
No período do Advento são montados o presépio, a árvore de Natal e a coroa do advento. A coroa é feita de galhos sempre verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas 4 grandes velas representando as 4 semanas do Advento. Ela pode ser colocada ao lado do altar. A cada domingo uma vela é acesa. A luz nascente indica a proximidade do Natal, quando Cristo Luz do Mundo, brilhará para toda a humanidade e representa, também, nossa fé e alegria pelo Deus que vem. A cor roxa das velas nos convida a purificar nossos corações para acolher o Cristo. A vela de cor rosa nos chama à alegria, pois o Senhor está próximo. Os detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá. O círculo da coroa é sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio e nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo. Além disso o círculo dá uma ideia de “elo”, de união entre Deus e as pessoas como uma grande “Aliança”. As ramas ou fitas são verdes, cor da esperança e da vida. A fita e o laço vermelho simbolizam o Amor de Deus ou o próprio Espírito Santo a embalar toda criação que é remida com a chegada de Jesus. As bolas simbolizam os frutos do Espírito Santo que brotam no coração de cada cristão. As quatro velas da coroa simbolizam, cada uma delas, uma das quatro semanas do Advento.
No início vemos nossa coroa sem luz e sem brilho. Nos recorda a experiência da escuridão do pecado. À medida que se vai aproximando o Natal vamos, ao passo das semanas do Advento, acendendo uma a uma. A primeira vela lembra o perdão concedido a Adão e Eva. A segunda simboliza a fé de Abraão e dos outros Patriarcas. A terceira lembra a alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança eterna. A quarta recorda os Profetas que anunciaram a chegada do Salvador. Vivamos com a intensidade da fé o tempo do advento e preparemos de coração o Natal do Senhor. Uma prece, Pe. Gilson.