Vamos celebrar o Tríduo Pascal, ponto culminante da liturgia da Igreja. Não se trata de três dias de preparação para a Páscoa do Senhor, mas da celebração de uma só realidade que se estende da quinta-feira santa até o domingo de Páscoa. Esses dias do Tríduo formam uma unidade que compreende as sombras e as luzes do mistério da salvação de Cristo.
No Tríduo Pascal recordamos que Jesus se entrega e nos ensina que a vida é serviço. “Se o grão de trigo, que cai na terra, não morre, fica sozinho, mas se morrer, produz muitos frutos.”(cf. Jo 12,24) As diferentes fazes deste mistério pascal celebradas neste período compõem um triptico com três quadros onde cada um ilustra uma parte da cena e juntos formam um todo. Cada quadro é em si completo, mas deve ser visto em relação com os outros dois.
Na quinta-feira santa celebramos a instituição da Eucaristia, o ministério sacerdotal e recordamos o mandamento do amor: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” Naquela noite santa Jesus Cristo, sumo e eterno sacerdote, nos doou a Eucaristia e humildemente lavou os pés dos discípulos. Não podemos esquecer que os chamados e chamadas do Senhor se alimentam da Eucaristia, diante dela se prostram para suplicar vocações e com o Mestre aprende a ser Igreja humilde e servidora pronta para lavar os pés da humanidade. São realidades e lições que levamos no coração desejoso de construir e ver solidificar a cultura vocacional.
Na sexta-feira santa fazemos memória da paixão de Jesus, sua morte na cruz por nossa salvação. Estamos diante do verdadeiro Cordeiro imolado que desde o madeiro fincado no monte Calvário fez jorrar a água da vida e da redenção do mundo. Sua morte, escreve Paulo, alcança e salva toda humanidade redimida a preço de sangue, sangue derramado na cruz (cf. 1Cor 6,20).
No sábado santo celebramos na intensidade da fé a Vigília Pascal. No cântico do aleluia ressoa a melodia do amor infinito que não conhece limites nem fim. Cristo está vivo e a morte foi para sempre derrotada. Deus ressuscita os humildes e vence a soberba e a arrogância dos fortes e poderosos. É Páscoa do Senhor: vida nova, ressurreição. É vida do Vocacionado peregrino que caminhou na fidelidade e se entregou nas mãos do Pai. É vida transformada que venceu o egoísmo e a violência. Demos graças ao bom Deus que nos deu seu Primogênito e o ressuscitou dentre os mortos. O sepulcro está vazio e a vida se tornou vitoriosa pelos séculos sem fim. A luz da Páscoa do Senhor iluminou o mundo e nunca mais se apagará: Cristo é nossa vida e certeza de ressurreição. Nele nos tornamos um povo de ressuscitados fecundando a história que interpela nossa fé. Como pedras vivas da Igreja profética e servidora proclamamos com júbilo a Páscoa do Senhor. Em Cristo vencemos a morte em todas as suas modalidades e com Ele alcançamos a vida nova do Reino. Avancemos na alegria da vida nova da ressurreição e consideremos que ao celebrar estes mistérios no Tríduo, damos testemunho de fé e fundamentamos a construção da cultura vocacional com imaginação profética e esperança pascal.